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Mostrando postagens de dezembro 20, 2020

Congresso Internacional do Medo

pelas coisas que não podemos deixar nos dominar. Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas. Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C.D.  Antologia Poética. 12ª edição. Rio de Janeiro: José Olympio. 1978. p. 108 e 109.