Cozinha VS Redação!!



Depois de muitas idas e vindas nas estâncias judiciárias brasileiras, no dia 17 de junho de 2009 foi julgada pelo Superior Tribunal Federal, em Brasília, a obrigatoriedade do diploma no exercício da profissão de jornalismo. Por 8 votos a 1, o STF decidiu não ser obrigatória o diploma em jornalismo para o exercício da profissão.


A briga sobre a constitucionalidade da exigência do diploma começou em 2001, quando a 16ª Vara Federal de São Paulo concedeu liminar (decisão provisória) que suspendeu a obrigatoriedade do diploma para a obtenção de registro profissional. Em 2005, antes de o caso chegar a instâncias superiores, a liminar foi revogada pela 4ª Turma do TRF-3. Em novembro de 2006 Gilmar Mendes, presidente o STF, garantiu o exercício da atividade jornalística aos que já atuavam na profissão sem possuírem graduação em jornalismo ou mesmo registro no Ministério do Trabalho.


O próprio presidente do STF foi o relator do processo, argumentando em seu texto que a exigência do diploma não está autorizada pela Constituição de 1988. Para ele, o fato de um jornalista ser graduado não significa mais qualidade aos profissionais da área. “A formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros”, disse Mendes.


Há um ano as discussões sobre o assunto se acaloraram na academia, e comecei então a agir como um bom jornalista: ouvir todos os lados, mas sem adjetivos! Por mais que um desses lados influencie de alguma forma a sua vida. Talvez seja por isso que não estou envolvida pelo sentimento de revolta que arrebatou quase todos os que acreditam na profissão.


O argumento principal para a decisão do STF é que restringir o exercício da profissão àqueles que possuem o diploma, delimita também a liberdade de expressão, um direito garantido na Constituição de 1988. É bom lembrar que a lei que regulamenta a profissão é anterior a essa importante transformação na constituição brasileira, e mais complicado: foi elaborada durante o Regime Militar em nosso país.


Vendo por este ângulo, dá pra entender a decisão dos juízes. Avalio que a categoria precisa se organizar melhor, passar por novos estágios que as outras profissões técnicas, como medicina e direito, passaram ao longo da historia humana.


Na prática as empresas já exigem uma mão-de-obra tecnicamente qualificada, e é inegável que quem ta na academia já começa direcionando seus propósitos, o que também já nos distancia dos demais “profissionais genéricos” da profissão. Eu não vejo a decisão do STF como um motivo para nos desesperarmos e trocarmos de curso na graduação, ou acreditar que não vamos ser respeitados como profissionais diferenciados. Tudo isso é uma bobagem que só serve de argumento para aqueles que não querem ter trabalho, só um emprego.


Agora mais do que nunca devemos encher a academia de pesquisas e afins para qualificar ainda mais a profissão, pois é nela que fortalecemos a necessidade do conhecimento técnico em Jornalismo!!


E quanto a comparação de jornalistas com cozinheiros...bem, antes do médico ser médico ele era um mero “curandeiro”. Então vamos botar nossos aventais e mostrar pra sociedade que não é qualquer um que tem os segredos e habilidades que nós podemos ter.


Do mais, incluo abaixo um email que recebi de uma amiga, agora Jornalista por formação, sobre o assunto. Muito bom!!!



Você é estudante de Jornalismo e acha que agora pode perder sua vaga para um jornalista sem diploma, certo? Acorde para a vida e pare de achar. Tenha certeza! Você pode perder, sim! Principalmente se seguir esses dez passos infalíveis que lascam qualquer aspirante à tão nobre ordinária profissão:


1. Acredite que a faculdade vai ensinar tudo o que você precisa saber, sendo desnecessário buscar informações fora dela, como workshops, seminários, cursos intensivos, cursos de férias, cursos de idiomas. Tudo isso é bobagem!


2. Seja passivo e espere tudo de seus professores: cursos, dicas de livros, vagas de estágio… tudo isso deve vir deles. Acredite que o mercado de trabalho é exatamente como seu professor concursado, que não exerce a profissão há mais de 10 anos, diz.


3. Ache normal a sua faculdade ensinar Projeto Gráfico antes de ensinar Jornalismo Impresso, mas não ensinar Webdesign antes de Webjornalismo. Evite questionar isso e aceite tudo como está, inclusive achando plausível que aquele seu professor que nem sabe a diferença entre blog e fórum seja o titular da disciplina de Web.


4. Coloque na cabeça que buscar cursos avançados de informática (PhotoShop, InDesign, Dreamweaver) é totalmente desnecessário porque isso é serviço para técnicos que só têm nível médio.


5. Recuse freelas como repórter, redator, revisor, diagramador, fotógrafo… antes de terminar a faculdade, é anti-ético. Pelo mesmo motivo, recuse também praticar a profissão fazendo trabalho voluntário para igrejas, ONGs e associações com as quais você se simpatiza.


6. Confie na meia dúzia de vagas de estágio regulamentadas por convênios com a sua faculdade, sendo anti-ético buscar estágio fora delas. Deixe para começar a praticar no 6º ou, quem sabe, o 7º período, sempre como estagiário regular.


7. Acredite que você será um empregado ou servidor público, ganhando sempre mais que o piso da categoria. Em nenhum período de sua vida você dependerá exclusivamente de freelas. Isso é para os fracos, portanto você está dispensado de manter-se atualizado sobre trabalho autônomo e empreendedorismo.


8. Saiba que você está dispensado de ler livros e artigos sobre Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e Marketing, porque você é pura e simplesmente um jornalista e o mercado de trabalho exigirá de você apenas conhecimentos em Jornalismo.


9. Mantenha a desorganização física e mental: troque a leitura do jornal impresso por qualquer outro portal da web, ignore a importância de ter uma agenda de contatos, evite planejar o futuro, deixe para distribuir currículos depois de formado, esqueça de organizar seus horários de estudo e cursos, use suas horas de descanso para trabalhar/estudar e durma durante a aula, etc. Muita bagunça ajuda a despertar a criatividade.


10. Se estiver precisando de dinheiro, mesmo depois de começar o curso aceite empregos fora da área de Jornalismo: atendente de telemarketing, vendedor em shopping, caixa de supermercado, recepcionista de hotel. Afinal, isso não vai atrapalhar os estudos, não vai adiar seu ingresso na área de formação e muito menos tirar você do seu foco profissional.



Boa sorte!


*com informações técnicas do site g1.com.br

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